Unicid e Universidade de Sydney adaptam programa australiano de fisioterapia e exercícios personalizados para idosos em São Paulo
12/11/2025Aumentar a mobilidade, prevenir quedas e melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas. É isso que tem sido alcançado por uma iniciativa de sucesso desenvolvida na Austrália, o TOP UP. O TOP UP é um programa online de exercícios personalizados com acompanhamento por profissionais de saúde e cuidadores.
Esse programa serviu de base para um projeto aprovado pela Global Alliance for Chronic Diseases (Aliança Global para Doenças Crônicas), que será adaptado para o Sistema Único de Saúde (SUS) em dois municípios de São Paulo, fruto de uma parceria entre a Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) e a Universidade de Sydney, na Austrália.
Desse projeto participam pesquisadores da universidade australiana, criado e liderado pela fisioterapeuta e doutora em saúde pública Cathie Sherrington, da Sydney School of Public Health. Na Unicid, o projeto é encabeçado pela professora doutora Monica Perracini, do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Fisioterapia da instituição, que lidera o grupo de pesquisa PrevQuedas Brasil.
Com o título “Otimizando a mobilidade de pessoas idosas com múltiplas condições crônicas no Brasil: implementação de uma solução digital cocriada e baseada em evidências”, a iniciativa será financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela National Heatlh and Medical Research Council (agência australiana de fomento à pesquisa).
Implementação e faseamento
Jaguariúna e Bragança Paulista serão os municípios que participarão do projeto, com a colaboração ativa e o engajamento dos gestores de saúde. Serão 4 quatro anos de execução, divididos em quatro fases:
- Fase 1 – Exploração:diagnóstico situacional do sistema e dos serviços de saúde dos municípios para compreender as barreiras e os facilitadores, bem como o contexto da implementação da perspectiva das pessoas idosas e de seus familiares, profissionais de saúde, gestores(as) e comunidade local, por meio de pesquisa participativa, adaptada à realidade do SUS.
- Fase 2 – Preparação:treinamentos para profissionais de saúde, desenvolvimento de materiais educativos e preparação do terreno para a implementação, além do planejamento do ensaio clínico aleatorizado para implementação do programa na rede de saúde.
- Fase 3 – Implementação:ensaio clínico com 200 pessoas idosas e profissionais de saúde, gestores(as) e cuidadores(as) para identificar a efetividade do programa, coletar dados da implementação (adoção, alcance, viabilidade, entre outros) e estudar o seu custo-efetividade.
- Fase 4 – Sustentação:análise dos resultados, compreensão de como transferir os aprendizados para outros municípios e de como consolidar sua sustentabilidade no SUS.
A proposta é enfrentar um dos principais desafios na prática em saúde: a lacuna entre a ciência e sua implementação na rotina dos serviços. Segundo Monica, há evidências científicas sólidas sobre os benefícios de programas de exercícios para a população idosa, como a melhora da mobilidade e a prevenção de quedas. No entanto, esses programas muitas vezes não são aplicados de forma adequada devido a fatores como baixa adesão às recomendações de frequência e intensidade, além do abandono precoce por parte dos idosos.
“Ancorado na ciência da implementação, o nosso projeto propõe compreender os fatores contextuais que influenciam a aplicação de intervenções baseadas em evidências, buscando soluções que tornem o programa de exercícios implementável, acessível e sustentável no sistema público”, comenta Monica.
Benefícios
O Brasil já ultrapassou a margem de 32 milhões de pessoas idosas, com uma estimativa de que esse contingente duplique até 2050. Atualmente, mais da metade delas vive com duas ou mais doenças crônicas, aumentando o risco de declínio da mobilidade e de quedas. É neste cenário que a adaptação do programa TOP UP para o SUS se enquadra: tentar garantir mais acesso a cuidados de saúde por meio de soluções digitais.
Os principais benefícios esperados incluem:
- Para idosos(as):acesso a um programa de exercícios personalizado, integrado ao cuidado de rotina no SUS e adaptado às condições locais, promovendo maior mobilidade, independência funcional e qualidade de vida.
- Para o SUS e gestores(as):uma estratégia viável para estruturar uma linha de cuidado em atividade física e prevenção de quedas, articulada à Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, favorecendo o uso racional de recursos públicos e a redução de custos com hospitalizações e fraturas, especialmente as de fêmur, que têm grande impacto clínico e econômico.
“As estratégias de implementação dessas soluções serão cuidadosamente adaptadas, de modo a reduzir as barreiras tecnológicas e promover a inclusão, garantindo que ninguém fique para trás”, assinala Monica.
Parceria internacional e equipes
A parceria com a Universidade de Sydney é um ponto forte do estudo, pois reúne pesquisadores brasileiros e australianos de renome internacional nas áreas de atividade física, prevenção de quedas, metodologias de pesquisa e ciência da implementação.
Outra parceria importante para o projeto é com o Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (IPADS), cuja missão é aprimorar a gestão pública, oferecer treinamento profissional e apoiar diversos projetos, programas e políticas públicas.
Compõem o time a Profa. Dra. Monica Perracini e a Profa. Dra. Flávia Silva Borim, ambas do Programa de Pós-graduação (Mestrado e Doutorado) em Fisioterapia da Unicid; Camila Astolphi Lima, ex-aluna do PPG e gestora do projeto; a Profa. Dra. Anna Quialheiro, da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário, de Portugal; a Profa. Dra. Carmen Lavras, da Universidade Estadual de Campinas e do IPADS; o Prof. Dr. Juleimar Amorim, do Instituto Federal do Rio de Janeiro; a Profa. Dra. Maria Lima, do Centre de Recherche de l’Institut Universitaire de Gériatrie de Montréal (CRIUGM), no Canadá; a Profa. Dra. Mariana Reis Santimaria, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas; a Profa. Dra. Núbia Carelli Pereira de Avelar, da Universidade Federal de Santa Catarina; a jornalista e doutora em Bioética Monica Manir Miguel; a Profa. Dra. Rosamaria Rodrigues Garcia, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul; a Profa. Silvana Barbosa Pena, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; a Profa. Dra. Sara Goldchmit, do laboratório de Design e Saúde da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo; o Prof. Dr. Thiago Lavras Trapé, presidente do IPADS; e Renato Barbosa dos Santos, ex-aluno do PPG da Unicid que está fazendo doutorado no Canadá. Da Universidade de Sidney participam a Profa. Dra. Cathie Sherrington, o Prof. Dr. Jaime Miranda, o Prof. Dr. Ian Cameron, a Profa. Dra. Anne Tiedemann, a Profa. Dra. Leanne Hasset, a Profa. Dra. Abby Haynes, a Profa. Dra. Marina de Barros Pinheiro e o Prof. Dr. Rik Dawson.
- Reunião presencial com alunos e pesquisadores brasileiros.
- Reunião de times do Brasil e da Australia.
- Reunião com pesquisadores brasileiros.


